quinta-feira, 3 de junho de 2010

Fonte Espaço Vital

O Ministério Público de Caxias do Sul (RS) denunciou por homicídio qualificado, praticado com dolo eventual ou indireto, os profissionais médicos, os administradores, as técnicas e as auxiliares de enfermagem pela morte de uma paciente de 36 anos, ocorrida em 7 de fevereiro de 2007, na Línea Clínica de Cirurgia Plástica e Medicina Estética.De acordo com a denúncia firmada pela promotora de Justiça Sílvia Regina Becker Pinto, a paciente Fernanda Zanuz Cousseau, auxiliar administrativa, 36 de idade, foi submetida a uma abdominoplastia e lipoaspiração. Na época, a paciente apresentava quadro de obesidade. Ela fez plástica no abdome e lipoaspiração nos braços, nas pernas e nas costas. Seu marido, Paulo Solano Cousseau, disse que - no dia da internação, por volta das 17 h - foi informado de que a cirurgia havia terminado e que Fernanda estava na sala de recuperação. Às 20h, recebeu a notícia de que ela havia morrido. Fernanda, segundo o marido, "tinha síndrome do pânico, pressão alta e tomava remédios controlados e isso foi relatado ao médico". Ela deixou órfãs duas filhas, na época de dois e oito anos. Confirmadamente, ela havia se aposentado em decorrência da síndrome do pânico. Foram denunciados pela promotora Silvia o cirurgião-plástico João Fernando dos Santos Mello, o médico cassado Marco Antônio Bertuzzi, duas outras médicas, três técnicas em enfermagem e uma auxiliar de sala de cirurgia. Bertuzzi já foi condenado em uma ação penal e esteve preso por assédio sexual contra pacientes e foi depois cassado pelo Conselho Federal de Medicina. Segundo o MPF, ele continua trabalhando em áreas afins à Medicina, embora extraoficialmente. Conforme a denúncia da promotora, os envolvidos realizaram uma cirurgia de abdominoplastia e lipoaspiração na paciente, assumindo o risco de matá-la. Isso porque "ignoraram o fato de Fernanda ser obesa e hipertensa", além da falta de estrutura da clínica.Mello era o médico responsável pela internação da paciente Fernanda; e Bertuzzi era o administrador da Línea Clínica de Cirurgia Plástica. Tanto Mello quanto Bertuzzi, além de outras seis pessoas, são réus em outra ação penal. Conforme a denúncia, "a cirurgia foi feita sem prévia avaliação cardiológica, sem a presença de médico auxiliar e de enfermeiro padrão". A paciente foi deixada, com prévia alta, aos cuidados de uma funcionária não fixa na sala de recuperação. Ao perceber que os aparelhos "começaram a apitar", tal profissional acionou a médica anestesista, que não estava na sala de recuperação. Após tentativas e manobras de recuperação por uma hora, foi chamada uma equipe médica, que chegou numa ambulância. Desta foram emprestados os aparelhos necessários para a tentativa de reversão do quadro, não obtendo êxito.De acordo com a promotora Sílvia Regina Becker Pinto, "as condições da paciente exigiam redobradas cautelas que foram ignoradas pelos denunciados que, além de assumirem o risco do resultado, suas condutas revelam que não se importaram com ela". A denúncia acrescenta que os denunciados "queriam mais era receber pelo trabalho, pouco lhes importando o risco da paciente".A promotoria também denunciou o médico que realizou a cirurgia, o então administrador e a proprietária da clínica por falsidade ideológica. O médico inseriu informação falsa em documento tentando demonstrar que a médica proprietária do estabelecimento teria acompanhado a cirurgia, o que atenderia as exigências do Conselho Regional de Medicina. Por sua vez, a médica proprietária não só permitiu que seu nome fosse incluído em tal documento, assim como compareceu na Delegacia de Polícia para ratificar que havia acompanhado a cirurgia.Entendendo que "Bertuzzi é reincidente" e estando em gozo de liberdade condicional, a promotora de Justiça requisitou que a Vara de Execuções Criminais de Caxias do Sul envie ofício para a Superintendência de Serviços Penitenciários (Susepe) informando do oferecimento de nova denúncia. (Com informações do MP-RS e da redação do Espaço Vital).A clínica onde duas mulheres morreram Da redação doEspaço VitalDepois de fazer uma vistoria, o Conselho Regional de Medicina (Cremers) determinou, em 17 de junho de 2008, a interdição da Línea Cirurgia Plástica, clínica de Caxias do Sul (RS), onde duas mulheres morreram após lipoaspiração - em um intervalo de 16 meses.A segunda vítima, Noema Oliveira Vieira, 57 anos - que morreu um dia antes da vistoria - era casada com Acácio Flores Vieira, 68 anos, e mãe de três filhos. Deixou quatro netos e um bisneto. Era natural de Vacaria. Com a segunda morte, o CRM-RS abriu a quarta sindicância para investigar a conduta do médico João Fernando dos Santos Mello, atuais 50 de idade, responsável pelas cirurgias. Há outros dois casos de complicações em pacientes atendidos pelo mesmo profissional.A interdição ética do exercício da Medicina na clínica Línea Cirurgia Plástica, localizada no bairro Nossa Senhora de Lourdes, foi baseada em relatório apresentado pela Comissão de Fiscalização do Cremers. Os técnicos constataram "falta de controle pós-operatório". Segundo o relatório, após o procedimento de sete horas em Noema Oliveira Vieira, no dia 16 de junho de 2008, não havia médicos ou enfermeiros acompanhando a paciente - mas apenas duas técnicas de enfermagem.Desde 2002, seis casos de morte e 12 de complicações em pacientes submetidos a lipoaspiração geraram sindicância no Cremers. Nenhum médico envolvido nesses casos teve o registro cassado até o momento.
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